
*Matéria publicada em 10/03/17.
Conhecido por seus trabalhos bem-humorados em séries e programas televisivos, o diretor e ator Jorge Fernando, 61, tenta se recuperar das sequelas que o acometeram após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC) no início de fevereiro.
Em entrevista ao site UOL, Maria Rebello, irmã do diretor, detalhou os desafios que ele está enfrentando na recuperação da condição física anterior.
“Ele ficou com o lado esquerdo paralisado, está fazendo fisioterapia", contou. A fala ele já recuperou em função da fono, mas o braço e a perna ainda estão paralisados. É um processo demorado. Ele mesmo está querendo ficar mais forte para voltar ao trabalho”.
Mas será que é possível se recuperar do AVC totalmente? Como é o tratamento? Conversamos sobre o assunto com o diretor científico da Academia Brasileira de Neurologia, Rubens Gagliardi.
Sequelas de AVC: quais são as mais comuns?

De acordo com o médico, cerca de 30% dos pacientes com AVC não apresentam sequelas. Todavia, o restante pode ter um ou mais efeitos tanto no AVC isquêmico, caracterizado pela obstrução de um vaso, quanto o hemorrágico, que ocorre quando há rompimento de uma veia ou artéria no cérebro.
Nestes casos, podem haver sequelas dos seguintes tipos:
Cognitivas
Dificuldade ou impossibilidade de falar, problemas de memória, concentração e compreensão podem ser resultantes de danos cerebrais causados pelo Acidente Vascular Cerebral. Também pode surgir dificuldade de escrever, ler e calcular.
Sequelas motoras do AVC
Nestes casos, pode haver paralisia ou dificuldade em movimentar membros ou um dos lados do corpo. Também pode ocorre dificuldade de deglutição, que é o ato de engolir.

Autonômicas
Responsável por todas as funções vegetativas e inconscientes do corpo humano, o Sistema Nervoso Autônomo também pode ser afetado pelo AVC.
Caso isso ocorra, pode ocorrer sequelas como sudorese intensa e incontinência urinária e fecal.
Falta de equilíbrio
Essa sequela afeta coordenação do corpo, gerando tonturas fortes, impossibilidade de ficar em pé e dificuldade de pegar objetos.
Falta de sensibilidade após AVC
A perda de sensibilidade em uma ou mais partes do corpo também pode ser resultante de danos cerebrais causados por AVC.
Sequelas visuais
“Algumas pessoas que tiveram AVC perdem a visão por completo, já outras perdem somente alguns pedaços do campo visual, o que resulta em uma vista desfalcada”, conta o neurologista Rubens Gagliardi. Isso ocorre caso a área do acidente seja responsável por esse sentido.

Distúrbios do comportamento
A região do cérebro responsável pelos sentimentos e atitudes também pode ser danificada pelo AVC, o que resulta em mudanças extremas como agressividade ou risadas sem motivo aparente.
Distúrbios de consciência
Já as sequelas de consciência causadas pelo AVC podem incluir sonolência excessiva e até mesmo o coma.
Como são tratadas as sequelas do AVC?
Primeiramente, os cuidados são centrados em tratar o próprio AVC e suas causas, como, por exemplo, estancar o sangramento. Em segundo plano ficam as sequelas, cujo tratamento deve ser personalizado de acordo com o acometimento individual.
O tratamento para recuperar os movimentos, a fala e as outras habilidades perdidas podem durar anos e incluem medicamentos, fisioterapia, terapia ocupacional, psicoterapia e fonoaudiologia.

Em alguns casos, é precisa também adaptar a alimentação do paciente, tanto para tornar a nutrição possível em pacientes com dificuldade de deglutição, quanto para eliminar hábitos que favorecem a formação de aterosclerose e trombos na corrente sanguínea, como o costume de comer comidas gorduras. Nesses casos, o nutricionista também é importante parte da equipe.
Sequelas do AVC podem ser revertidas totalmente?
O neurologista Rubens Gagliardi conta que as sequelas podem ser revertidas. Em alguns casos, isso pode acontecer até mesmo "naturalmente", sem nenhum tratamento.
No entanto, a melhor atitude é sempre procurar um tratamento feito por uma equipe multidisciplinar, não apenas para otimizar a recuperação, como também para desenvolver mecanismos que compensem as dificuldades que podem ficar e aumentem a independência do paciente.
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